Análise à Reunião do BCE de 18 de julho de 2024
Na semana passada, o BCE realizou a sua quinta reunião do ano e, como esperado, o Banco Central Europeu decidiu por unanimidade manter as taxas de juro inalteradas. Se os mercados esperavam receber pistas sobre um possível corte de taxas em setembro, não obtiveram (quase) nada.
Lagarde, tanto no statement oficial da reunião, como na sessão de Q&A pós-anúncio, não forneceu orientações sobre os passos seguintes do BCE e, quando repetidamente questionada sobre isso, enfatizou os seguintes pontos:
- O BCE não está num caminho pré-definido de taxas – as decisões serão dependentes dos dados económicos e tomadas sempre com o objetivo de trazer a inflação de volta ao objetivo de 2%.
- Dependência de dados é diferente de dependência em leituras específicas (esta ideia está alinhada com o comentário de Lagarde de que o caminho para a inflação será acidentado e de que os mercados não devem apenas olhar para leituras de dados isoladas, mas sim considerar as tendências).
- As taxas de juro serão mantidas em território restritivo pelo tempo que for necessário para reduzir a inflação.
- A decisão da reunião de setembro ainda está totalmente em aberto.
Esta abordagem de sinalização de mercado pareceu mais conservadora do que a adotada antes do primeiro corte em junho, e a principal razão para essa mudança advém do facto de que o banco central claramente não está totalmente confiante de que o caminho desinflacionário atual possa ser sustentado ao longo do tempo. Embora Lagarde tenha mencionado que o processo desinflacionário "está em andamento no momento", espera-se que a inflação flutue em torno dos níveis atuais este ano. Adicionalmente, a região ainda está exposta a várias pressões inflacionárias, como o crescimento salarial mais forte do que o desejado e pressões externas como riscos geopolíticos.
Essa incerteza foi o que impediu os membros do Conselho de Governadores de cortar as taxas nesta reunião.
No entanto, Lagarde também comentou que o crescimento salarial foi considerado nas projeções/decisões de junho e que as pressões salariais devem aliviar nos próximos meses. Além disso, a Presidente do BCE afirmou que as expectativas de inflação a longo prazo permanecem amplamente estáveis, sinalizando que mais cortes nas taxas podem ser justificados se os dados económicos que vão ser divulgados durante o Verão apoiarem as tendências atuais.
Após a reunião, as expectativas do mercado em relação ao momento do próximo corte de taxa permaneceram amplamente inalteradas – os investidores estão totalmente a prever outro corte de taxa para a reunião de setembro (quando será lançada uma nova leva de projeções) e, depois, mais um até o final do ano.
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