Análise às reuniões do Fed e do BCE: janeiro de 2025
Como amplamente esperado, o BCE anunciou mais um corte de 25 pontos base na taxa de juro (o quarto consecutivo), deixando a deposit facility rate em 2,75%. A decisão foi justificada pela fraca avaliação da atividade económica a curto prazo e pelas perspetivas de crescimento e confiança do consumidor frágeis, o que está a afetar negativamente o consumo na região.
Em relação à inflação, Christine Lagarde comentou que a aceleração registada em dezembro era esperada devido à volatilidade dos preços da energia. Acrescentou ainda que os dados recentes apontam para uma diminuição das pressões salariais, o que se refletirá na redução da inflação core. A expectativa continua a ser de que a inflação atinga a meta de 2% este ano. Lagarde afastou ainda a possibilidade de um cenário de "estagflação" na zona euro.
A decisão de cortar as taxas em 25 pontos base foi "unânime", e segundo Lagarde, a possibilidade de um corte de 50 pontos base nem sequer foi considerada. O banco central descreve as taxas atuais como "restritivas", abrindo a porta para novos cortes de taxas, no entanto, segundo Lagarde, ainda é prematuro discutir qual será a taxa terminal, dado que as decisões vão ser tomadas numa base de reunião a reunião.
No geral, tanto o resultado da reunião como a conferência de imprensa estiveram de acordo com as expectativas do mercado, e as atenções agora estão voltadas para qual será a taxa neutra para a região, dadas as condições económicas atuais, e para a possível necessidade de o BCE mover as taxas abaixo da taxa neutra, de forma a impulsionar a economia estagnada da zona euro (ideia que Lagarde não descartou necessariamente).
O BCE voltará a reunir-se no dia 6 de março e espera-se que corte as taxas em mais 25 pontos base.

Do outro lado do Atlântico, o presidente do Fed, Powell, anunciou, como esperado, que o Fed manteria as taxas estáveis no intervalo de 4,25-4,50%. Powell considera que a economia americana ainda é robusta e está a crescer "a um ritmo sólido" (2% em '24). Apesar de o mercado de trabalho não representar uma fonte de pressões inflacionárias, as condições para o Fed baixar as taxas de juro ainda não estão reunidas, o que inclui uma quebra inesperada do mercado de trabalho ou inflação abaixo do esperado. Sobre este último ponto, Powell afirmou que o caminho da desinflação ainda é "lento e às vezes acidentado", sinalizando também que não houve progressos significativos nesse sentido.
Powell comentou ainda que o Fed não está com "pressa para ajustar a política monetária", após cortar as taxas em 1% no final de '24, e reiterou a ideia de que não estão num caminho “pré-definido". Além disso, Powell afirmou que a política monetária está atualmente "bem calibrada" para atingir ambos os objetivos do Fed, e "significativamente" acima da taxa neutra, possivelmente sinalizando uma pausa prolongada no ciclo de cortes.
Sobre as consequências económicas das políticas de Trump, na inflação e no mercado de trabalho americano, Powell mencionou que a equipa do Fed já considerou uma série de possibilidades, no entanto, só poderão agir quando houver mais visibilidade e dados económicos para reagir.
A próxima reunião do FOMC será realizada no dia 19 de março, e os mercados não estão a prever nenhum corte de taxas de juro para essa reunião, continuando a apostar numa pausa prolongada no ciclo de cortes.

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