BCE: Análise da reunião de 6 de março
Como amplamente esperado, o BCE anunciou na semana passada que cortaria as taxas de juro de referência em 25 pontos base, o sexto corte de taxas em 9 meses, deixando a deposit facility rate em 2,5%, agora classificada como “significativamente menos restritiva". A decisão de cortar a taxa de referência foi suportada pela projeção de conversão da inflação para a meta de 2%, e também pela consideração das dificuldades económicas que a região tem enfrentado. A decisão de cortar as taxas de juro reuniu consenso entre o Conselho do BCE. No entanto, Christine Lagarde mencionou que o governador do banco central austríaco, Robert Holzmann, absteve-se da votação, indicando que os desenvolvimentos recentes na Europa trazem incerteza à necessidade do BCE continuar com o ciclo restritivo.
As novas projeções económicas do banco central revelaram 1) mais uma revisão em baixo das perspetivas económicas para a região (para '25 e '26) e 2) uma revisão acima das perspetivas de inflação para este ano, refletindo "dinâmicas mais robustas dos preços da energia". A projeção da inflação core foram mantidas praticamente inalteradas, sinalizando que a inflação vai atingir os 2% no início de 2026 (mais tarde do que anteriormente previsto). No entanto, vale a pena notar que as novas projeções ainda não estão a considerar a postura mais flexível da Alemanha em relação ao investimento público: com investimento esperado de EUR 500 mil milhões em áreas-chave (ao longo de 10 anos), e o isenção de investimentos em defesa e segurança dos limites fiscais do país. Sobre o tema, Lagarde comentou que espera que o pacote anunciado "impulsione a economia europeia" e resultar em pressões inflacionárias ressalvando que mais detalhes e dados concretos seriam necessários para avaliar o resultado das referidas políticas.

De um modo geral, estas novas projeções devem ser consideradas com cautela. O nível de incerteza proveniente da frente fiscal, os riscos geopolíticos que persistem e a possibilidade de uma guerra comercial, por consequência a tarifas da administração Trump, podem ser todos fatores impactantes de projeções. Ideia também partilhada por Lagarde na conferência pós-reunião: "O cenário que temos de momento está coberto de incertezas e, mais do que nunca, exigirá que sejamos vigilantes... teremos que ser ágeis, para responder aos dados". Adicionalmente, Lagarde realçou que as decisões do BCE necessitarão de ser, "mais do que nunca", dependentes de dados económicos.
Quanto aos próximos passos, ainda não há muita visibilidade sobre o que o BCE fará a seguir, mas Lagarde abriu a porta para uma pausa no ciclo de cortes, caso os dados económicos não sejam favoráveis. Este discurso está alinhado com a mudança na linguagem em relação à restritividade das taxas de referência, indicando que estão a aproximar-se de níveis neutros.
Em resumo, esta reunião decorreu sem surpresas, num contexto económico altamente incerto. No entanto, o BCE indicou que as decisões de novos cortes nas taxas de juros não serão tão simples como a desta reunião. Os investidores parecem acreditar que uma pausa no ciclo de cortes está a aproximar-se, já que apenas dois cortes de taxa estão totalmente precificados para este ano, com 6 reuniões restantes no calendário do banco central.

------
Esta comunicação foi produzida pelo Banco Finantia com fins meramente informativos, não sendo uma recomendação de investimento. Na elaboração da comunicação não foram considerados objetivos de investimento, situações financeiras ou necessidades específicas dos investidores. Deste modo, não houve qualquer adequação da informação a qualquer investidor efetivo ou potencial, nem foram consideradas quaisquer circunstâncias específicas relativamente aos referidos investidores.
As informações divulgadas têm por base as condições de mercado existentes à data, assim como informações recolhidas junto de entidades terceiras reconhecidas, sendo estas fontes de carácter público, não tendo o Banco Finantia procedido à verificação autónoma dos dados e das informações prestadas por essas entidades. Tendo o destinatário da presente comunicação conhecimento desta situação não poderá responsabilizar o Banco Finantia em qualquer circunstância, por erros, omissões ou inexatidões da informação constante deste documento ou que resultem do uso dado a essa informação. O Banco Finantia não assume qualquer responsabilidade pelos danos ou prejuízos, diretos ou indiretos, que possam vir a sofrer aqueles que realizem operações com base na informação disponibilizada.
A política de investimento do Banco Finantia, quer atuando por conta própria, quer atuando por conta dos seus clientes, é totalmente independente do conteúdo da comunicação enviada. O Grupo Banco Finantia pode ter posições ou negociar os valores mobiliários ou instrumentos financeiros a que se refere, antes ou depois da presente comunicação, bem como pode prestar ou ser candidato à prestação de serviços bancários aos emitentes dos referidos valores mobiliários ou instrumentos financeiros.
A autoridade de supervisão competente do Banco Finantia é a CMVM, estando registado na mesma com o número 109.